segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O Lar do Medo.


Neste momento em particular, já se passa do meu horário. Sei que não conseguirei dormir, quando involuntariamente eu sirvo de lar para alguém o qual não aprecia a morada.
Relaxo e aproveito a simbiose imaginária que criei fora do que se conveniou a chamar de sanidade.
Não que eu já tenha estado neste lugar.
Tão repentino. Tão sem fundamento.
 É assim que minha consciência decidiu classificar tudo.
Do completo vazio e na inexistência, algo surgiu. Alusão ao Criacionismo, de certa forma.
Mas o que criei não é luz.

O quão desamparadas podem se tornar as minhas hesitações?
A estrada pela qual caminham-se os medos deste conto fica a cada passo mais íngreme. Conto este, em que firmo-me na terra infértil de minhas próprias afigurações. Somente eu.

Todas as paredes agora me armazenavam, um contêiner de cóleras.
Capaz de fechar as pálpebras, mas não minha psique.
Neste momento, já não era nada mais a não ser um alvo humano.
Humano?
Não sinto-me sequer viva.
O futuro incógnito agia como ausência de ar em meu peito. Em cada centímetro daquele pedaço de carne sucumbido, é ali. Onde se localiza o lar do medo.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Quem dirá.

      O clima naquele dia estava hesitante, era setembro e a cidade abrigava um ambiente de frieza humana com o calor do sol. Não acontecia nada fora do cotidiano de cada cidadão, o marasmo tornava-se cada vez mais denso.
       Um jovem lecionando aguardava seu ônibus impacientemente frente á sua escola, a cabeça exausta e o corpo dolorido. Cerrou os punhos, estralou os dedos e cruzou os braços. Procurava uma postura em que se sentisse mais relaxado e confortável, porém sem sucesso. Enfim avistou seu ônibus e embarcou, sentando no  primeiro banco que lhe pareceu conveniente. Relaxou cada músculo de seu corpo, sentindo um enorme alívio por estar enfim indo para casa. Recostou a cabeça na janela e caiu-se em quimeras, preocupou-se com o próprio desempenho em física, com o curso de inglês, com a mãe e o pai. Mantinha-se sob um medo constante quanto às obrigações e responsabilidades, queria um momento de paz interna. Seus pensamentos foram bruscamente interrompidos pelo freio do ônibus, provocando uma pancada nada leve de sua cabeça na janela. Mal humorado, ele xingou algo em silêncio, pôs-se com a coluna ereta e travou o pescoço de forma que só pudesse olhar para frente.
      Uma jovem em idade escolar, de regata branca e calça de tactel azul marinho, entrou no veículo com a expressão branda e a mochila de longas alças. Desequilibrou-se e deixou o cartão de transporte cair. Abaixou-se para pegá-lo, deixando á mostra um desenho feito com caneta no pulso. A garota sentara dois assentos á frente. Manteve a mochila em seu colo, cerrou os punhos, estralou os dedos e cruzou os braços.
      Fitando-a, ele se sentiu em êxtase. O desenho em seu pulso o fez palpitar de ansiedade, o modo como ela agia o deixava em transe. Nunca fora de crer em soulmates, mas algo em seu conceito mudara. Ele a observava com cautela, pondo seus fones de ouvido e virando o olhar para a paisagem que se desenhava lá fora. Resolveu que seria estranho demais, repentino demais, depressa demais, qualquer possibilidade de contato. Voltou a atenção para a janela quando o ônibus parou no sinal. Um outdoor encontrava-se bem á frente de seu campo de visão, exibindo a seguinte propaganda: "Há coisas na vida que você tem apenas uma chance para fazer. Tire já sua Certidão de Nascimento e seja reconhecido como cidadão!"
       Ele assentiu. Pensou uma, duas, trezentas vezes. Quantas vezes na vida o destino ou qualquer força superior lhe manda uma mensagem tão rápida e objetiva? Quase hesitou por um segundo, mas a vontade do desconhecido era maior. Levantou e sentou-se ao lado dela.
- Então, você é fã de Linkin Park? - ele tremeu os lábios, tentando manter a voz em tom constante.
A garota sorriu levemente, afastou os cabelos e tirou um fone.
- Desculpe, eu não te ouvi e tive de fazer leitura labial. Você perguntou se eu gosto de Linkin Park?
Ele confirmou com a cabeça. Sua voz era forte, mas terna.
- Aqui. - Dando um de seus fones a ele, ela aumentou o volume.
Ao colocar o fone, ele se virou para ela e começou a observá-la com atenção. Tinha o semblante mais pronunciado que ele já havia visto. Com sua melhor expressão de cumplicidade, ele disse:
- Esta é a minha música preferida.

Faltavam ainda alguns quilômetros para a saída de ambos. Quilômetros que se estenderiam por tempos e tempos.
     

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Anunciação Privada.

Eu sei somente o factual. E o fato é que nada sei.
Pensei que sabia de mim.
Pensei que sabia de você.
Nunca soube de nós.

Enigmático, incógnita difícil de resolver.
Você mantêm-se ameno, interagindo no seu mundo próprio.
E eu assisto.
Eu me fixo no globo que gira sem parar ao teu ritmo.
Gira desesperado, gira calmo. Gira sem cessar.

Você eleva-se acima do que o cerca.
Procede-se proeminente ao resto, destaca-se.
Fascina-me.

Não sei dos teus fascínios
Não sei dos teus desejos.
Não tenho conhecimento do que te excita.
Não sei o que te faz cair em prantos.

Sei que exerces sobre mim grande fascínio.
Me desperta um desejo.
Me excita.
Me impede de cair em prantos.

Não sei de você, não sei de mim.
Mas sei que talvez, seria bom
Seria algo inopinado
Se pudéssemos saber sobre nós.

domingo, 26 de agosto de 2012

Quero.

Eu respiro. Consumo meu cotidiano.
Cada pedaço do meu habitát se tornou clichê.
Tudo se converteu em um filme enjoativo que sou obrigada a assistir.
Várias vezes, respectivamente.
O que quebra a rotina?
Quero sair, quero viver. Não apenas existir.
Quero me tatuar, me furar, me modificar.
Quero ter medo, quero expressar algum sentimento.
Raiva, angústia, ódio, amor, paixão, êxtase.
Qualquer sensação.
O que quer que seja pra me fazer sentir viva.
Quero conhecer novas personalidades, gente peculiar.
Explodo-me.
Acima de tudo, quero amar.
Quero amar e que haja reciprocidade.
Viver como nunca vivi.
Quero sair de mim.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Colecionador

Preciso fazer uma auto-lavagem mental.
Ás vezes me pergunto se não sou a mais insaturada das tuas coleções.
Se não sou mais uma capa velha de vinil empoeirada.
Se faço diferença na tua gaveta, no meio das tuas bagunças, dos teus arquivos.
Se sou uma página lida na pressa, uma roupa mal passada, uma fechadura mal trancada.
Será que me faço notar no meio de tanto?
Se sou insolúvel, então por quê continuas me tirando da gaveta, da bagunça, do arquivo?
Uma complexidade que você não vê.
Um livro que não tens sequer vontade de abrir.
Então porquê o mantém na prateleira?
Seria eu apenas mais uma fonte de prazer pessoal?
Suas coleções servem somente para satisfazer-te o ego?
Seria eu apenas mais um arquivo... Mais uma caixa de felicidade momentâna?
Preciso fazer uma auto-lavagem mental.

Saber se quero mesmo ser parte desta coleção.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Interrogações sem ponto final.

Sabe quando as complicações, dúvidas, medos e tudo o que há na sua cabeça se encontra tão embaraçado, tão junto e tão misto em um só receio, que nem a palavra mais descritiva pode descrever o que se passa? Que talvez só um alguém seja capaz de realizar tal proeza, mas que convenientemente, é o causador do tal caos? Então qual seria a salvação? A necessária válvula de escape, onde se localiza? E se ela estivesse no meio do embaraço? E caso você precisasse encontrá-la, e nunca o conseguisse? Sobreviveria a uma tortura interna, produto da própria mente? Você suportaria habitar o calabouço de sua própria autoria?

Já se tornou teu próprio carrasco?

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Arrependimento.

Sei que há muito não troco palavras direitas com você. Sei que me mantive distante, mas eu tive as minhas razões.
Sei também que sentirei saudade, mais saudade ainda. Que derramarei angústia pelos olhos, que o nó em minha garganta só tende a se firmar ainda mais. Eu gritarei internamente por não poder mais bagunçar o seu cabelo. Por não poder mais implicar com suas manias incomuns. Por não ser mais capaz de mencionar teu nome sem que uma lágrima também se mencione em meu rosto. Por ter de deixado ir sem te segurar, sem te dizer que sim, eu sinceramente amei você. E talvez ainda ame. Eu recordarei a cada dia o seu jeito de cruzar os braços. As roupas que você usava. O seu cheiro. Eu me arrependerei amargamente por não ter dito o que queria quando tive chance, por ter medo. Eu sentirei saudade. Mesmo já estando assim tão distante de você por dentro.

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quinta-feira, 21 de junho de 2012

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Masoquista.

Outra vez me pego investigando sua vida,

Mapeando seus hábitos, agendando suas

ações.

Eu queria possuir auto controle,

Eu queria que houvesse forças onde não há.


Outra vez me pego com o pensamento estacionado no seu riso.

Outra vez condeno o que sinto.


De que adianta procrastinar a dor?

Do que serve a voz falsa me dizendo que

Eu estou quase esquecendo seu rosto?


Sabendo que não devo, sabendo que só

Agravará a ferida, ainda assim eu continuo.

Sou meu próprio carrasco, sou meu próprio salvador. Masoquista, é a certeza

Que restou.


Quão eficaz seria acabar com isso, sem negar que incontestavelmente, o que eu

Preciso é de alguma espécie de morfina.

Morfina psicológica.


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quarta-feira, 2 de maio de 2012

Agridoce

Mais um dia. Perdido ou ganho? Não sei dizer.

Outra vitória com gosto de derrota, outro troféu que não me serve de nada.

O orgulho preenche o ambiente onde habitamos, já faz parte do nosso cenário diário. E agora, é elemento indispensável para a nossa austera atuação.

Quebrar a rotina é pecado que  nós cometemos tão esporadicamente, para desespero do meu ego.

Cumprimentos e piadas insinuantes são palavrões que dançam em nossas línguas.

Às vezes um ritmo lento, que me arrepia de desgosto e êxtase.

O que temos, seria...? Salgado-mar, Doce como o quê.

Amor agridoce. Alegria ilusória e temporária.


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segunda-feira, 19 de março de 2012

Sobre Nós.

Hipocrisia, é sofrer por algo que uma pessoa te fez, e fazer o mesmo com outra.
Hipocrisia, é dizer que ama, sem amar.
Hipocrisia é iludir, é fingir um sentimento inexistente.
Hipócrita, é você.
Ilusão, é pensar que você me amou de verdade.
Ilusão, é acreditar em cada palavra de um hipócrita.
Ilusão, é ter o coração craquelado.
Iludida, fui eu.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Easy come, Easy (?) go.

Olá gente que tem paciência pra ler blogs o/
Já criei tantos, mas tantos blogs nessa vida, e eu sempre abandono eles. Mas vou tentar manter esse aqui. Até porque eu sinto falta de escrever pra ninguém ler.
Tô meio triste esses dias sabe, então resolvi recorrer á velha terapia, que é meu blog. Então vamolá.

Eu percebi que se algum dia eu não acordar pra vida e começar a me interessar por garotos que tenham um mínimo de conteúdo, eu vou sofrer pra caramba. Percebi também que ele é apenas uma criança ainda, que ainda tem muito o que aprender antes de ter qualquer relação comigo ou com qualquer pessoa que tenha um mínimo de amor próprio. Mas eu tenho que admitir que no fundo, eu sempre soube que ele não tinha a mesma intenção que eu, que todos os sonhos eram só meus e que algum dia eu ia acabar quebrando a cara. Mas eu só fingia que nada daquilo era real, porque eu queria absorver cada boa sensação que era estar a cada minuto com ele, conversando com ele. E apesar de achar que era só uma coisinha passageira, eu acabei descobrindo que o buraco era mais fundo. Eu só queria agradecer por cada decepção que eu já vivi. Enquanto eu cresço e procuro não cometer os mesmos erros, ele não vai evoluir um passo pra frente, eu sei disso. Eu deveria saber que as pessoas não mudam de uma hora pra outra, mudanças requerem tempo. E oito meses não foi tempo suficiente. Eu fiz tudo pra manter um relacionamento constante com você, eu até falei coisas que não eram do meu feitio. Tudo isso por você.

Eu deveria ter escutado as pessoas. Mas a idiotice (amor) falou mais alto, como sempre.


Mas eu tenho a plena certeza de que tudo ainda vai cair sobre os seus ombros, todo o peso, toda a vergonha, todo o arrependimento. Até que as suas costas não aguentem mais e você seja obrigado a ficar de joelhos diante de mim. Como eu sei disso? Porque essa vida pode ser difícil, mas ás vezes ela é justa com quem merece, e eu sei que comigo vai ser assim. Pode até demorar o tempo que for, mas vai acontecer. E eu não vou estar olhando pra baixo, pra você em toda a sua decadência, e sim pra frente.
Enquanto você continua jogando com outras pessoas, eu já ganhei a corrida.

E a propósito, eu sei que você não tinha interesse, querido. A surpresa é que agora eu também não tenho.