sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Cartas para Julie - Aos Pés Da Queda.

Terça-Feira, 27 de Agosto de 2013.


            Por fim dou minha última tragada do dia. Consumo inquietude, libero misantropia. Cada fragmento deste ser humano encontra-se mais extenuado do que jamais se conjurou.
            Estou exausto, Querida. Nada me desalenta mais do que teu olhar falsamente auspicioso, que me provoca delírios psicodélicos dos quais somos heróis sem mérito público. Nada me enturva tanto quanto tua voz em minha direção, acompanhada de teu cheiro entorpecente que me tropeçam as palavras e me coram da cabeça aos pés. Me tens na palma de teus arbítrios, e és consciente desta capacidade indevida.
         
            Mas estes dias exigiram um metabolismo que não possuo, excedestes tudo o que este mero amante conseguira sentir. Amante por mais de uma noite, amante de todas as horas, olhares e palavras. Fui amador teu. Omitir meu demérito não é a saída, muito menos tratar-me friamente. Me transtornas com tuas atitudes oscilantes, se ao menos me dirigisse a palavra de forma menos indiferente... Ambos temos consciência do que acontece neste momento aqui incorporado ao meu íntimo, céus! Nada, Julie. Nada do que eu faça parece lhe abrir os olhos. E estou farto da tua posição como governadora do meu temperamento, que a cada dia corre de zero a trezentos quilômetros em menos de um segundo, juntamente ao teu tom. Sei que nunca fui capaz de me controlar por completo, mas você deixa tudo cada vez mais fora da minha competência. Estou farto, contudo, não sei mais viver sem o teu governo frenético.
       
          E tudo o que lhe peço agora que partirei com o coração trancado na maior mala que guardava, é que extermine cada resquício teu da minha playlist, dos meus papéis, das paredes do meu apartamento. Sobretudo, do interior deste pobre sujeito. Como faísca para meu metabolismo, quem sabe a adrenalina. Saltarei preso a ti, e quando meu corpo mencionar um contato com a terra, então retornarei.
     
  Ponho-me aos pés de uma grande queda que nunca será livre.

                                                                                                                            Allan.

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Torna-te quem tu és!